De repente, Inês deixou de ouvir aquela voz ternurenta que abraçava aquele momento com um toque de carinho, de doçura,contudo, parece que o destino estava decidido, estava na hora de se separarem!!! Após esta chamada, Inês sentia que não fazia sentido ficar naquele sítio que gritava pelo seu amor. Na realidade, esta estava a passar, mais uma vez, por aquela que é a pior dor de uma separação:
- A dor de quem fica, a dor de quem esta em constante contacto com sítios que eram SÓ deles - o sítio onde deram o primeiro beijo, o local onde lhe tinha sido dito: "já não aguento mais, preciso ter-te comigo, é-me impossível olhar para ti e querer apenas ter-te como amiga", tantos momentos, tantas lembranças... Definitivamente, para aquele que fica, tudo se complica!
Esta era o grande obstáculo de Inês, lidar com tudo isto e tentar seguir em frente, não tentar reviver tudo que se passava, mas a única coisa que ela sabia, é que por agora, isso era-lhe simplesmente impossível.
Assim, viu-se forçada a ir para casa, seguir em direcção aquele que deveria ser um sítio aconchegador!
Durante todo o percurso, Inês foi atenta ao telemóvel, tinha esperança que por qualquer motivo o seu telemóvel vibrasse, ela sabia que não poderia ceder à tentação de dizer qualquer coisa, porque assim, apenas complicaria esta viagem de mudança que não poderia deixar de ser feita! Por isso redimiu-se, colocou os seus fones nos ouvidos e foi todo o caminho a ouvir as músicas que esta relação lhe havia oferecido! Talvez esta fosse uma atitude que poderíamos adjectivar como sendo uma atitude masoquista-amorosa, mas naquele momento eram apenas aquelas melodias que queria ouvir enquanto a sua mente recriava um filme de um amor que, muito à semelhança de todos os outros que deveriam ser preservados, se tornou bem mais complicado do que aquilo que se esperaria!
Ao chegar a casa, Inês sentiu a forte necessidade de escrever, escrever como se falasse para o seu amor, como se o tivesse à sua frente, como se estivesse nesse momento a ter um diálogo com ele. Necessitava de uma forma desesperada encontrar um equilíbrio aconchegador que a abraçasse naquele momento. Algo que a pudesse fazer voltar a sentir a mais rasca imitação daquilo que sentia quando estas conversas aconteciam realmente! Por isso, agarrou-se a cada letra do seu teclado, e enquanto as suas lágrimas acariciavam cada palavra que escrevia, Inês escreveu um texto, que descreveria com três palavras:
- Sinceridade;
- Pureza e
- Amor.
Contudo, aquele texto, ali escondido, era algo que não a agradava, algo que não a poderia libertar de tudo isto, por isso, abriu uma janela da internet e em menos de 10 minutos, criou um blog que se destinava apenas a esta escrita!
Na realidade, Inês tinha a esperança de que estes desabafos fossem vistos por alguém que a compreendessem, que suportassem uma perda tão dura como esta. Perder sem perder, e mesmo assim, desejar sem poder alcançar! Para além disso, quem sabe, um dia, esta pessoa não pudesse, por mera distracção ou coincidência que fosse, vir ter a este site...
Por isso, faço questão de mencionar que, aqui, sou só eu, a pessoa com se confessa, não a escritora, apenas a ouvinte! Aquela que a escuta, e sem a necessidade de a aconselhar, aquela que torna a sua libertação possível! AQUI, eu sou a Inês....
Aquela que continua à espera da visita da pessoa certa...
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